FLÁVIO SEIXLACK
Da Redação
- Os integrantes da banda Mutantes
Mesmo com mais 40 anos após sua formação, o Mutantes segue como o nome mais importante do rock brasileiro fora do Brasil. O sucesso de crítica e público alcançado desde a volta da banda aos palcos em 2006, depois de encerrar as atividades no final da década de 70, culminou em um disco novo, "Haih Or Amortecedor", e uma bem sucedida turnê norte-americana com 32 apresentações para promovê-lo.
Liderado por Sérgio Dias, o renovado grupo - sem Rita Lee ou Arnaldo Baptista - traz em sua formação atual os integrantes Dinho Leme (bateria), Simone Soul (percussão), Henrique Peters (teclado, flauta e voz), Vitor Purusha (teclado, flauta, cello, guitarra e voz), Fabio Recco (voz, violão e percussão), Bia Mendes (voz e percussão) e Vinicius Junqueira (baixo). E todos participaram ativamente das gravações do disco, que aconteceram no estúdio de Sérgio, o Zod, em Araras.
O Brasil ainda não teve a oportunidade de ouvir, oficialmente, o novo trabalho do grupo. Muito bem gravado, "Haih Or Amortecedor" foi lançado nos EUA pela Anti- e aponta para novos rumos sonoros, sem se esquecer de suas raízes psicodélicas e da vontade de experimentar, uma das marcas registradas do grupo. Não por acaso, a parceria com Tom Zé em grande parte das letras e em algumas das melodias funciona de forma magistral.
De seu quartel general em Las Vegas, nos Estados Unidos, Sérgio Dias falou ao UOL Música, entre outras coisas, sobre a nova fase do Mutantes, as colaborações com Devendra Banhart e Beck e os motivos do disco ainda não ter sido lançado por aqui. E, aos fãs brasileiros que aguardam uma turnê, avisou: "se preparem que a gente está chegando".
UOL Música - O Mutantes fez uma turnê no ano passado pelos Estados Unidos, lançando o álbum "Haih Or Amortecedor" em setembro. Como vai ser o ano de 2010 pro Mutantes?
Sérgio Dias - Isso é o que a gente está armando agora, o nosso quartel general está sendo aqui [Las Vegas] no momento. A The Agency Group é quem está cuidando da turnê 2010 americana, e tem um outro pessoal que está cuidando da turnê da Europa. A gente já tem Glastonbury [festival britânico] fechado e um outro show junto com o Tom Zé, que vai ser no Royal Festival Hall. A gente pretende lançar o disco agora no meio do ano aí no Brasil, que vai ser diferente do que a gente lançou nos EUA, com outras músicas. E a Agência Produtora está cuidando do desenvolvimento da turnê aí.
Sérgio Dias - Isso é o que a gente está armando agora, o nosso quartel general está sendo aqui [Las Vegas] no momento. A The Agency Group é quem está cuidando da turnê 2010 americana, e tem um outro pessoal que está cuidando da turnê da Europa. A gente já tem Glastonbury [festival britânico] fechado e um outro show junto com o Tom Zé, que vai ser no Royal Festival Hall. A gente pretende lançar o disco agora no meio do ano aí no Brasil, que vai ser diferente do que a gente lançou nos EUA, com outras músicas. E a Agência Produtora está cuidando do desenvolvimento da turnê aí.
UOL Música - Como foram os shows que vocês fizeram no ano passado nos Estados Unidos? Teve algum mais marcante?
Sérgio Dias - Foram 32 shows em mais ou menos um mês e meio, então fica difícil lembrar. Talvez a parte mais importante foi quando a gente estava tocando no meio dos Estados Unidos, em Kentucky. Quando você se vê tocando naquele lugar, no meio do coração dos Estados Unidos, tocando e lançando um disco em português depois de trinta e tantos anos e as pessoas curtindo... isso é um sonho. Porque é fácil tocar em Nova York, em Miami ou em Los Angeles. Mas tocar em Kentucky é dose. Foi genial.
Sérgio Dias - Foram 32 shows em mais ou menos um mês e meio, então fica difícil lembrar. Talvez a parte mais importante foi quando a gente estava tocando no meio dos Estados Unidos, em Kentucky. Quando você se vê tocando naquele lugar, no meio do coração dos Estados Unidos, tocando e lançando um disco em português depois de trinta e tantos anos e as pessoas curtindo... isso é um sonho. Porque é fácil tocar em Nova York, em Miami ou em Los Angeles. Mas tocar em Kentucky é dose. Foi genial.
UOL Música - O novo álbum foi muito bem recebido pela crítica. Você ficou satisfeito com ele? O que te deixa mais orgulhoso nesse trabalho?
Sérgio Dias - Muito satisfeito. Não é uma questão de orgulho, é uma questão de serviço cumprido. É saber que você tinha uma meta, uma missão a cumprir e ela foi perfeitamente alcançada. O que eu queria era ter um disco do Mutantes que não fosse cópia ou pensamento, voltado pra trás, e que o pessoal todo da banda participasse. Acho que isso refletiu nesse sucesso no mundo inteiro.
Sérgio Dias - Muito satisfeito. Não é uma questão de orgulho, é uma questão de serviço cumprido. É saber que você tinha uma meta, uma missão a cumprir e ela foi perfeitamente alcançada. O que eu queria era ter um disco do Mutantes que não fosse cópia ou pensamento, voltado pra trás, e que o pessoal todo da banda participasse. Acho que isso refletiu nesse sucesso no mundo inteiro.
UOL Música - "Haih Or Amortecedor", ao mesmo tempo em que é bem diferente das coisas que o Mutantes já lançou, é um disco que traz logo de cara as características da banda. O que você acha que mais mudou no som do Mutantes?
Sérgio Dias - Não sei, honestamente. Sei que compor uma música com o nome Mutantes é completamente diferente de compor algo com o nome Sérgio Dias. É uma mágica totalmente diferente. Como em "2000 e Agarrum", por exemplo. Nunca compus um baião na minha vida e esse saiu com muita facilidade. Não foi uma coisa pensada. O Tom Zé fez a letra. Aquele jogo de palavras dele é de matar. Foi tudo muito abençoado. Esse reencontro com o Tom Zé, aliás, foi uma coisa estupenda. É o melhor parceiro que eu já tive na vida.
Sérgio Dias - Não sei, honestamente. Sei que compor uma música com o nome Mutantes é completamente diferente de compor algo com o nome Sérgio Dias. É uma mágica totalmente diferente. Como em "2000 e Agarrum", por exemplo. Nunca compus um baião na minha vida e esse saiu com muita facilidade. Não foi uma coisa pensada. O Tom Zé fez a letra. Aquele jogo de palavras dele é de matar. Foi tudo muito abençoado. Esse reencontro com o Tom Zé, aliás, foi uma coisa estupenda. É o melhor parceiro que eu já tive na vida.
UOL Música - O disco saiu aí fora primeiro e, em breve, vai sair aqui. Foi uma opção de vocês?
Sérgio Dias - Quando o Arnaldo [Baptista] e a Zélia [Duncan] saíram, a turma aí no Brasil ficou desconfiada. Brasileiro tem uma certa malícia que é difícil de lidar. Eles nunca acreditam na coisa. Geralmente eles desacreditam pra depois acreditar. Quando eu vi que as pessoas estavam com essas dúvidas, eu não perdi tempo me desgastando com isso. Aqui estava tendo briga de gravadoras pra ver quem ia lançar o disco. Foi uma coisa mais simples fazer isso e agora a gente vai poder lançar o disco aí mais relaxado, sem aquela pressão.
Sérgio Dias - Quando o Arnaldo [Baptista] e a Zélia [Duncan] saíram, a turma aí no Brasil ficou desconfiada. Brasileiro tem uma certa malícia que é difícil de lidar. Eles nunca acreditam na coisa. Geralmente eles desacreditam pra depois acreditar. Quando eu vi que as pessoas estavam com essas dúvidas, eu não perdi tempo me desgastando com isso. Aqui estava tendo briga de gravadoras pra ver quem ia lançar o disco. Foi uma coisa mais simples fazer isso e agora a gente vai poder lançar o disco aí mais relaxado, sem aquela pressão.
UOL Música - Como foi voltar a gravar um álbum do Mutantes depois de tanto tempo?
Sérgio Dias - Foi uma delícia. Mas o melhor de tudo foi a turnê. Passar 27 mil quilômetros dentro de uma van, com nove pessoas, tocando todo dia em estados diferentes e depois acabar a turnê morrendo de rir, todo mundo já chorando de saudades, é uma negócio maravilhoso. Isso é o que vale pra mim. Todo mundo feliz, curtindo, fazendo o que quer. A música é resultado disso. Pra mim isso é o grande barato.
Sérgio Dias - Foi uma delícia. Mas o melhor de tudo foi a turnê. Passar 27 mil quilômetros dentro de uma van, com nove pessoas, tocando todo dia em estados diferentes e depois acabar a turnê morrendo de rir, todo mundo já chorando de saudades, é uma negócio maravilhoso. Isso é o que vale pra mim. Todo mundo feliz, curtindo, fazendo o que quer. A música é resultado disso. Pra mim isso é o grande barato.
UOL Música - Queria que você falasse da restante da banda. Como foi reunir esse grupo, que é o Mutantes agora?
Sérgio Dias - A coisa veio acontecendo naturalmente. Conheço o Fábio há vinte anos, ele cantava comigo como backing vocal. Conhecia a Bia e a Esméria. O Henrique eu tinha produzido a banda dele e convidei ele pra tocar. A coisa foi se montando ao longo dos anos... Era como se tivessem enfiado a espada na pedra, aí tiraram e a mágica voltou a acontecer novamente.
Sérgio Dias - A coisa veio acontecendo naturalmente. Conheço o Fábio há vinte anos, ele cantava comigo como backing vocal. Conhecia a Bia e a Esméria. O Henrique eu tinha produzido a banda dele e convidei ele pra tocar. A coisa foi se montando ao longo dos anos... Era como se tivessem enfiado a espada na pedra, aí tiraram e a mágica voltou a acontecer novamente.
UOL Música - O som do disco é bem cheio, com muitos instrumentos e efeitos. Dá pra reproduzir tudo ao vivo?
Sérgio Dias - Lógico. Senão a gente não faria. Não tem nada lá que seja computador ou pré-gravado, é tudo tocado mesmo.
Sérgio Dias - Lógico. Senão a gente não faria. Não tem nada lá que seja computador ou pré-gravado, é tudo tocado mesmo.
UOL Música - Nos agradecimentos do álbum estão, entre outras pessoas, Mike Patton, Sean Lennon e Devendra Banhart. Eles participaram de algum forma do processo todo?
Sérgio Dias - O Mike Patton chegou a participar em "2000 e Agarrum", mas aí tivemos um pequeno problema com a gravadora dele, que queria muito lançar o disco e ficou um negócio meio esquisito. Resolvemos não usar a participação dele pra não comprometer em nada. Mas agora já está tudo bem de novo. Eu acabei de voltar de Los Angeles, estava com o Devendra e foi maravilhoso. A gente vai se encontrar de novo em abril, pra fazer músicas juntos. Também há dois dias estive com o Beck, gravei umas coisas com ele. São pessoas que foram mexidas pelo Mutantes e tem uma ação muito importante dentro disso tudo que aconteceu. São novos amigos, novas relações e novas músicas que estão acontecendo.
Sérgio Dias - O Mike Patton chegou a participar em "2000 e Agarrum", mas aí tivemos um pequeno problema com a gravadora dele, que queria muito lançar o disco e ficou um negócio meio esquisito. Resolvemos não usar a participação dele pra não comprometer em nada. Mas agora já está tudo bem de novo. Eu acabei de voltar de Los Angeles, estava com o Devendra e foi maravilhoso. A gente vai se encontrar de novo em abril, pra fazer músicas juntos. Também há dois dias estive com o Beck, gravei umas coisas com ele. São pessoas que foram mexidas pelo Mutantes e tem uma ação muito importante dentro disso tudo que aconteceu. São novos amigos, novas relações e novas músicas que estão acontecendo.
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